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Não há nada como...

Por que Orgulho e Preconceito é tão bom? - Parte 1

Porque na verdade não tem quem ache ruim, não é mesmo?

[sem spoilers]

      Para alguém que aprecia uma boa escrita, com um bom enredo, e rica descrição dos personagens, nossa Jane Austen não deixa a desejar. Ela já começa situando você sobre o assunto que você mais verá frequentemente no livro: casamentos - mas não somente isso - e no que eles tornavam as mulheres daquela época, e consequentemente os homens, e certas mães de família.
      O modo como ela detalha a personalidade de cada um, às vezes somente descrevendo, às vezes deixando que o diálogo entre eles faça esse trabalho, então permitindo que você mesmo possa construir facilmente a imagem fiel de cada personagem ; é um dos fatores que torna esse livro o mais querido de todos da autora.
       Pense em como deve dar um trabalhão construir a personalidade do Mr. Darcy, um homem rico, orgulhoso e que não mede as palavras para falar com alguém que julga inferior - justo por este motivo. Mas que debaixo dessa casca grotesca existia uma pessoa de coração justo, amável, educado (de verdade) e bondoso, ah como era bondoso! Só que esse outro lado maravilhoso dele é percebido muito lentamente, com alguns detalhes que Austen vai soltando para nós leitores,e nós fazemos exatamente isso (entendemos os detalhes) quando ela quer e o quanto ela quer. Enquanto muitos de nós iniciamos o livro com aversão a Darcy, terminamos amando-o mais até que a própria Elizabeth!
        Com certeza começar um personagem de imagem ruim e terminá-lo da forma tão incrível como terminou, gradualmente e bem embasado, não deve ter sido fácil, ou até foi, já que estamos falando de Jane Austen né mores.
        Eu acho que se eu fosse uma boa escritora como ela, eu poderia criar uma Elizabeth fácil. Isso no século XXI né, porque eu teria como referência toda a gama de mulheres que hoje lutam pelos seus direitos, não se sentem intimidadas por homem algum e manifestam sua indignação quando se sentem assim.
Tá, mas na época dela não era desse jeito.
      Jane refletia nos livros sempre um pouco da própria essência, isso é fato. E não é diferente quando Elizabeth criticava o modo como as mulheres de origem humilde tinham que se virar para chamar atenção de qualquer homem com boa fortuna, porque era isso ou a ascensão social nunca aconteceria. Lembrando que na época dela a herança do pai não ficava com as filhas, e sim com um filho homem, e se não houvesse, qualquer primo que fosse homem tava valendo! E as filhas e a mãe ficavam à mercê da sorte.Você, mulher, por si só não poderia mudar sua realidade, mesmo se quisesse.

        Pensar como ela pensava era raro, muito raro.
      Elizabeth queria dançar quando quisesse, sem que algum homem se achando cheio de razão (um Mr. Darcy, talvez) fosse criticar achando inoportuno. Ela queria casar, sim, mas por amor de verdade, e quem poderia julgá-la por querer amar o futuro marido? Bom, pelo livro você percebe que muita gente. Ela era como todo ser humano em sua idade deveria ser: com ideias e pensamentos próprios, capaz de opinar e de não se intimidar com a inteligência de outra pessoa, e não se deixar levar por coisas supérfluas. 
      Eu poderia me aprofundar muito mais nesses dois sem deixar que quando um novo leitor fosse ler o livro, ficasse com a sensação de que já sabia de tudo. Eu mesma já li ele três vezes e ainda tenho coisa pra descobrir. Mas por enquanto eu vou falar só sobre a construção muito bem feita de alguns personagens que marcam o livro, e com isso vangloriar mais ainda Jane Austen hahaha..

Até a parte 2.
Tenham um dia maravilhoso

XOXO

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