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Cafeteria VI
As coisas não deveriam ser assim, não foi como eu imaginei.
Imaginei conhecer algum cara da época de adolescente, algum ex colega de viagem, de aula de piano, algum amigo de uma amiga.... não esse...não justo ele...não aqui, não agora. A sensação que eu esperava era apenas de um encontro divertido e casual, e foi o oposto dos dois.
Eu me senti suja e hipócrita de novo encarando o Leandro daquela maneira, reconhecendo aquele olhar tão comum, tão familiar, de uma época tão turbulenta da minha vida. Ele me lembrou da garota fútil que eu era (fútil porém não burra ao mesmo tempo), das grosserias desnecessárias e do meu egoísmo. Tão jovem fui capaz de magoar tanta gente, inclusive ele. E é claro que ele lembrava disso.
Nova Iorque foi minha segunda chance, minha forma de aprisionar meu eu egocêntrico com muita rotina, café e coisas a aprender, num ritmo felizmente feroz. Reduzir toda aquela foba gigante com coisas supérfluas a uma simples graduação e toda a trajetória que vem com ela me pareceu ser a alternativa mais adequada. Hoje eu não procuro por mais nada, eu não enlouqueço por mais nada, eu vivo um dia de cada vez aqui acompanhada de pessoas com o mesmo pique que o meu, numa meta de vida que não é a mais incrível, luxuosa ou marcante, é apenas uma meta, exatamente o que eu queria.
Toda vez que o passado me visita aqui (meus pais, meus ex colegas de trabalho, e agora ele) me dá uma sensação ruim, como se o destino quisesse cobrar de mim mais sofrimento, mais arrependimento. Não é legal, me faz querer fugir pra mais longe.
Tenho que admitir que estou cada vez mais curiosa sobre ele, como ele veio parar aqui, se ele já esperava um dia esbarrar comigo porque já sabia que eu morava nessa cidade ou se pra ele foi um baita susto como foi pra mim. Há tantas perguntas que queria fazer pra ele também, não sobre Maceió ou sobre nós, mas sobre ele mesmo. Queria tanto a amizade dele de novo, talvez mais, eu não sei... Apenas estou cativada por ele ( não me lembro de não me sentir assim em nenhuma época em que estava com esse cara). Mas não me sinto mais no direito de querer isso. O passado deve ser importante demais para o Leandro, como é esperado. Pra mim é que quando mais amnésia eu tiver, melhor.
O pôr do Sol na pontinha de Manhattan é algo que eu não sei explicar de tão lindo que é, até a Bia se distrai e esquece da minha estranheza por um tempo. Mas aposto que em alguns minutos ela vai me perguntar do porquê do meu silêncio.
...
Por Luana Ferreira
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